Painel realizado pela Rede Alumni EBAPE e IBGC, trouxe novas perspectivas sobre Governança Corporativa e integridade nas empresas

ter, 06/03/2018
Português, Brasil

Transparência e prestação de contas, integridade, o fator humano x falhas corporativas, responsabilidades do investidor e da sociedade civil foram alguns dos temas abordados durante o Painel Governança Corporativa e Integridade Empresarial, promovido pela Rede Alumni EBAPE em parceria com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) no dia 22 de fevereiro, na sede da FGV.

 

No evento, o debate concentrou-se em avaliar, sobre vários vieses, a contribuição das melhores práticas de governança corporativa para uma atuação mais íntegra nas organizações, tema relevante, principalmente, pelo momento atual do país em que a sociedade pleiteia a mudança de comportamento nas estruturas de governança, e na observação de padrões éticos, como pontuou o professor Flavio Vasconcelos, diretor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas - FGV EBAPE, na abertura do painel.

 

O objetivo do painel, e da publicação homônima lançada recentemente pelo IBGC, mais do que trazer o debate, é estimular uma atuação íntegra das organizações como forma de se construir um novo cenário da gestão nacional pautado, sobretudo, na ética, afirmou o coordenador Geral do Capítulo do IBGC (RJ), João Laudo de Camargo, visão corroborada por Carlos Brandão, um dos autores do livro, segundo ele, é importante articular a identidade da empresa, sua cultura organizacional, assim como detalhar a sua estratégia, buscar a integridade, o alinhamento entre as práticas dentro da companhia, pois para atuar em conformidade com normas e padrões, é preciso liderar pelo exemplo, construindo um modelo a ser seguido por gestores de todas as áreas da empresa, para que, aos poucos, seja possível melhorar o ambiente empresarial brasileiro.

 

Além de as empresas seguirem condutas mais íntegras, é importante que elas busquem o ponto de equilíbrio ao criar programas internos de controle e supervisão. Na visão do professor da FGV EBAPE, alumno da Escola e conselheiro da FGV Previ Joaquim Rubens, “é preciso questionar a necessidade de as companhias criarem inúmeros sistemas de controle, uma vez que o número crescente destes podem impactar na gestão e até mesmo reduzir a competitividade, assim como, ao identificar falhas em suas atividades, as companhias precisam também analisar o fator humano. O principal desafio não só para os gerentes, mas para todos nós, é ter a capacidade de identificar quando ações tomadas podem ser danosas para as organizações”, finaliza Joaquim Rubens.

 

Ao passo em que as companhias precisam cobrar que seus executivos tomem decisões pautadas na ética, ao analisar o cenário de regulamentação e transparência no país, João Laudo de Camargo ressalta que “para equacionarmos os nossos desafios, a sociedade civil organizada deve prestar a sua colaboração, acompanhando o desempenho das atividades das empresas. E para que a supervisão possa ocorrer é fundamental que haja a transparência e a prestação de contas – um exemplo que pode ser seguido é o da Comissão de Valores Mobiliários - CVM que apresenta, ao mercado, uma matriz de risco de várias áreas de atuação da empresa, acompanhada de uma prestação de contas semestral”.

 

A transparência torna-se então um dos meios pelo qual as empresas demonstram se atuam em conformidade com as leis em vigor. No caso da CVM, o conselheiro fiscal de empresas de capital aberto Renato Chaves, tem notado o crescente número de Insider Trading  o que resultou na prisão de muitos executivos.  Em um julgamento, a CVM pode aplicar multas pesadas, que podem chegar a R$ 50 milhões ou até mesmo desqualificar a empresa no mercado de capitais.

 

Já do ponto de vista do investidor na questão da integridade empresarial, a conselheira de administração do IBGC Isabella Saboya, evidencia que o perfil de confiança do investidor vem mudando. Há algumas décadas, a relação do investidor com a empresa aberta era mais próxima. Ao longo dos anos, criaram-se intermediários nas negociações (corretores, analista de investimentos, bancos, entre outros), o que contribuiu para gerar um distanciamento na relação investidor x empresa.

 

“Os investidores institucionais precisam ser mais atuantes. É necessária a participação nas assembleias, conselhos, reuniões não só com a área de finanças, compliance, mas com o setor jurídico e a governança, acompanhando quais são os objetivos da empresa, como ela atua, de que forma é aplicado seu código de conduta, dentre outros. Quando as empresas não se organizam, não definem o que é importante para elas em termos sociais, ambientais e de governança elas se tornam frágeis”, completou Isabella.

 

O evento apresentou as principais temáticas debatidas no cenário nacional e conforme ressaltado pela coordenadora da Rede Alumni EBAPE Darliny Amorim, os eventos promovidos pela rede têm como objetivo tratar temas de grande relevância para diversos setores da gestão no país, estimular o debate e a troca de conhecimento entre egressos, alunos e convidados, promovendo interação contínua e oportunidade de networking. O painel contou com a participação do alumno, Joaquim Rubens, professor da Ebape, autor de um dos capítulos do livro homônimo ao painel e conselheiro da FGV Previ.